Veroníssimo e Gílson

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por William Mazza

Estou muito feliz, pois um amigo de trabalho comemora em fevereiro 24 anos sem tomar bebidas alcoólicas. É claro que ele faz parte da liderança do A.A.A. (Associação dos Alcoólicos Anônimos) aqui em Poços de Caldas, Minas Gerais. E o mais interessante é que ele venceu essa batalha sozinho. Não é cristão, mas é um vencedor. Como isso é possível? Como explicar esse tipo de reabilitação, sem nenhuma intervenção divina?
Antes disso, quero falar de um outro homem, já morto hoje, que morreu por causa da bebida. Chegou ao fundo do poço, e foi tragado pelo “vale da sombra da morte”. Ele conseguiu se recuperar ao se converter a Cristo. Passou anos sem beber, mas uma briga com o pai, jogou-o novamente no vício, que não conseguiu mais vencer. Mesmo convertido, o álcool o matou. Não parece contraditório: o não-convertido vencedor versus o convertido derrotado? Deixe-me tentar ajudar.
Essa confusão só existe por causa das teologias malucas que existem hoje. A idéia do cristão imponente, ungido e intocável de Deus é pura falácia, além de contrária à Bíblia. Fosse assim, Cristo não teria sido crucificado, mas sim teria derrotado toda a autoridade romana, sozinho, como nos filmes do Rambo. Como sabemos, isso não aconteceu.
No primeiro caso. Meu amigo Veroníssimo contou sim com a ajuda divina, mesmo sem ter total consciência disso, afinal, quem é que disse que o Senhor só se compadece dos cristãos? Veja dois textos bíblicos, que podem ajudar:

– Êxodo 33:19 “terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia, e me compadecerei de quem eu me compadecer”
– Tiago 1:17 “Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto”

Para mim, é claro que a misericórdia e as bênçãos de Deus, Ele dá a quem quiser. Além disso, o ser humano é dotado, por semelhança com Deus, de vontade própria e força de vontade. Quando quer algo, esforça-se e consegue, independente de ser ou não cristão, pois essa é uma característica inata ao homem.
No caso do falecido Gílson, o álcool derrotou seu corpo, mas não sua alma. Não tem a ver com fé em Jesus, tem a ver com fraqueza humana. Nosso corpo tem limites físicos que, se ultrapassados, geram sofrimento, dor e morte, independente da salvação recebida do Pai. Entretanto, o álcool não tem força nenhuma contra o ato salvífico de Jesus, pois “ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si” (Isaías 53:4). Ou seja, a morte pode levar nossos corpos, mas nossas almas foram resgatadas pelo sangue do Cordeiro. O texto de Isaías não quer dizer que Cristo sofreu as dores que nos afligem no dia-a-dia, mas sim, que Ele anulou o poder da morte, não física, mas espiritual. Hoje, o Gílson, creio eu, está aguardando o dia da ressurreição dos justos, para viver eternamente ao lado do pai.
E esse é o sentido da expressão “somos mais que vencedores” (Romanos 8:37). O vencedor é o Veroníssimo, que venceu o álcool e hoje tem uma vida digna e cheia de saúde. Contudo, o mais que vencedor é o Gílson, pois Cristo venceu por ele. Nós recebemos a graça da vitória de Jesus. Somos beneficiados por uma vitória que não era nossa, mas “que graças a Deus nos foi dada por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (I Cor 15:57). Amém!

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