Por uma fé sem medo

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Um dos sentimentos mais inerentes ao ser humano é o medo. Desde os nossos primórdios, o medo sempre fez parte da vida das pessoas.

Algumas pessoas afirmam que medo está totalmente ligado a falta de fé. Eu discordo. Creio que, depois da queda no Jardim do Eden, o medo consecutivamente esteve relacionado com a nossa existência (Gn 3.10).  É algo que faz parte da nossa essência. Creio não existir um ser humano sequer que não sinta medo de algo.

O medo no decorrer do tempo foi usado pela humanidade de várias maneiras. Uns usaram-no para saber a hora de se proteger. Outros para inovar e criar algo original que eliminasse seu medo, ou pelo menos parte. E uns, porém, usaram o medo como ferramenta de controle de massa. É deste tipo de “uso do medo” que vamos nos ater neste artigo.

A coisa mais difícil para nós é entender e usar a Palavra de Deus na sua totalidade. Em decorrência disso, sempre existiu um tipo de pessoa que sabe usar o medo como instrumento para arraigar a religião no coração do seu semelhante. Tenho alguns amigos que chamam esta atitude de o “evangelho terrorista”.

Minha percepção é que nos dias de hoje este movimento tem crescido muito no meio cristão. Travestido de “disciplina bíblica”, há líderes que conduzem seu rebanho com base na amedronta. Apresentam o Senhor com um Deus do “não pode”. Crente não pode isso, não pode aquilo. Até dizer que se o membro de sua igreja estará em pecado se visitar outra igreja eles dizem. Conheço pessoas que foram excluídas da membresia  de sua igreja local por participar de um culto em outra igreja, de denominação diferente, contudo de doutrina muito próxima.

Existem quatro tipos de medos clássicos que são muito explorados pelos que compartilham do evangelho terrorista:

1.       Medo da Pobreza – Este é o tipo de medo usado pelos “profetas” da prosperidade. Em nenhum momento da história humana viveu-se um materialismo do tamanho que presenciamos atualmente. Converse com qualquer pessoa e você perceberá que a maior parte de tempo dispendida por ela é correndo atrás de dinheiro e sucesso. Colocamos o nome de “profissionalismo” nisso, mas a verdade é que muitas pessoas tem deixado de lado sua família, seus filhos, sua saúde, Deus e etc, para conquistar a independência financeira almejada. Almejada é diferente de necessária. O fracasso, neste sentido, é algo que tira o sono de muitos. Infelizmente, alguns sabichões sabem usar muito bem este medo para um fim religioso.

2.       Medo do Diabo – Sempre em minhas palestras sou indagado sobre a ação do diabo e dos demônios na vida do cristão. Compartilho com você o que eu digo nas minhas preleções: – Não creio que exista algo maior no mundo do que o poder de Deus, revelado na vida do Seu filho, Jesus Cristo. Portanto, se você um dia entregou sua vida a Ele e confiou plenamente no Seu poder, não há demônio neste mundo que possa fazer algo com você! Infelizmente, muitos líderes tem usado o medo aos demônios como instrumento de direcionamento do seu rebanho. Mas irmão, eu lhe digo, não é com ação humana, como dar oferta na igreja, que você irá ser protegido de demônios. Neste caso, creia no poder de Deus somente!

3.       Medo do Pecado – Eu tenho o pensamento que a questão do pecado e, consequentemente, da nossa natureza pecaminosa é pouco pregado nas maiorias das igrejas hoje. Entretanto, existem igrejas que cumprem esta parte do evangelho e extrapolam. Focam todo o seu discurso no pecado. Conheço pessoas assim. Tal tipo gera uma sensação de baixíssima autoestima no seu rebanho. Ninguém presta, todos erram sempre. Só que creio que maior que o pecado é a graça (Rm 5.20), e que deve ser respeitada uma relação de dois para um nas pregações. Uma parte de tempo para o pecado, visto que ele é o contexto, onde sem entender ele não há como sentir a profundidade da graça, e dois tempos para a maravilhosa graça do nosso Senhor.

4.       Medo de Pessoas – Esta é a turma da mão de ferro. Leva o seu rebanho na base da intimidação. Existe uma diferença entre firmeza do pastor e tirania, antes que você questione. Os tiranos da fé agem por coação,  principalmente menosprezando os mais “fracos” dentro do ambiente eclesiástico.

A pior perseguição e mais cruel é aquela realizada por nós mesmos. Sempre digo que o maior algoz do cristianismo são os próprios cristãos que não se entendem entre si.

Meu intuito com este texto é dizer que se você, ou alguém que você conhece, é objeto de manipulação dentro da igreja em razão do seu medo. Você não deve se sujeitar a tal situação. Não há palavra dita por boca de homem que seja maior do que a de Deus. Na Bíblia o Senhor fala 295 vezes a expressão “não temas”. Ora, se Ele abordou tantas vezes o tema é porque sabia, e sabe até hoje, como é o nosso coração, mesmo porque  foi Ele mesmo que o criou. Porém, Ele sempre diz que entende nosso medo e faz mais, estende sua bondosa mão para nos ajudar, em ação de graça e misericórdia. Confie somente no Senhor e os seus medos continuarão existindo, porém você terá um Pai que te sustentará em cada momento difícil.

Deus abençoe.

Fabio Marchiori Machado

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