O Valor do Deserto

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Existem várias nomenclaturas usadas para definir os nossos dias. Era da comunicação, da informação, pós-modernidade, entre outras. No entanto, uma que mais me chama a atenção é a Era do Prazer / Lazer. Ela é plenamente comprovada analisando números e comportamentos. Nunca as pessoas gastaram tanto com itens como viagens, cinemas, restaurantes, passeios, eventos esportivos e shows. Algum pecado nisso? Penso que não. Se falasse ao contrário eu estaria sendo hipócrita porque me incluo neste grupo que gasta mais com lazer.

O problema está em como esta mudança tem afetado as nossas vidas. Existem vários comportamentos que podem ser mudados com a “febre do lazer”, mas eu creio que nada é mais impactante do que a nossa relação com o sofrimento, a frustração e demora em ver as coisas acontecerem.

São muitos os cristãos que hoje não aceitam mais as dificuldades da vida, e transformam Deus em um “gênio da lâmpada”, que tem a “obrigação” de proporcionar somente momentos felizes duradouros. Ainda bem que o Deus revelado nas Escrituras não é assim.

O Senhor é um Deus que dá as mais maravilhosas bênçãos no deserto! Ah, como eu gosto do deserto, porque é lá que Deus nos despe de toda arrogância e prepotência para nos ensinar. É no deserto que Deus molda o caráter dos seus filhos. É no deserto que Deus nos prepara para enfrentarmos poderosamente as aflições deste mundo. Eu creio de todo o coração nisso.

Recentemente ouvi que se você está passando por algum problema de saúde, por exemplo, é porque Deus não está contigo. Eu acho isso uma tremenda tolice. Dificuldades são momentos que Deus usa para mostrar algo a você, mesmo as mais dolorosas, como a perda de um ente querido. Uma das minhas orações nas horas de angústia é “Senhor, mostra o que tu queres que eu mude ou aprenda com esta situação”.

Biblicamente temos muitas razões para crermos nisso. Hoje quero falar de dois destes exemplos.

O primeiro deles é o episódio de Israel no deserto depois da fuga do Egito. Se você já leu os livros de Êxodo, Levítico e Deuteronômio viu que Deus construiu todos os alicerces de uma das nações mais antigas do mundo, e que perdura até hoje, no deserto. Deus deu lições e normas como as tábuas da Lei e o código de Levítico, formou líderes como Moisés e Josué, amenizou o sofrimento quando fez surgir água da rocha, provou sua capacidade em cuidar dos que são Seus proporcionando alimento diário com o maná e proferiu juízo deixando morrer uma geração inteira que não creu na promessa da terra feita a eles.

Outro momento, não tão notado como o anterior, é o aprendizado de Paulo sobre o Evangelho de Jesus. Paulo recebeu o Evangelho do próprio Senhor Jesus, como o mesmo cita em Gálatas 1.10-17. Foi do deserto da Arábia que o Senhor começa a quebrantar o homem que era extremamente zeloso com as tradições dos seus pais e do judaísmo (Gl 1.14), e a formar um dos maiores missionários, teólogo e líder que a igreja primitiva pode presenciar. Paulo não passou só pelo sofrimento do deserto real físico, mas também por aquele semelhante que vivemos hoje em dia. Ele foi castigado, humilhado, ficou só, foi ameaçado e outras tantas coisas. É este homem que diz que “todas as coisas cooperam para o bem dos que amam a Deus”. Ele entendia muito bem que as provações resultariam no bem conforme o querer e pensamento de Deus, mesmo em detrimento do desejo de sua carne e espírito.

Quero finalizar afirmando que devemos buscar a presença do Senhor nas dificuldades, não só para livramento, mas para aprendermos e crescermos com o melhor mestre que há, a saber, Deus, nosso Senhor.

Meu desejo da próxima vez que você atravessar algum deserto é voltar-se para Deus e dizer, com singeleza de coração: – Senhor, faça em mim o Teu querer. Molde minha vida conforme desejar, para que eu possa Te servir cada vez melhor!

Deus o abençoe muito no deserto.

 

Fábio Marchiori Machado.

 

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