Malaquias – O “menor” livro da Bíblia

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Antes de qualquer coisa, quero alertar aos nossos leitores que eu não estou ficando louco, nem me tornando um herege. Sei muito bem que o menor livro da Bíblia é a segunda epistola de João, com seus 13 versículos apenas. Bom, pelo menos na teoria 2Jo é o menor, porque na prática cristã não é bem assim. Eu explico o porquê.

Malaquias é seguramente o livro da Bíblia mais usado nos dias de hoje. Particularmente, eu não passo 3 semanas sem ouvir falar nele e, certamente, isso acontece com você também. Entretanto, o seu uso é restringido a apenas seis versículos do capítulo 3, do 6º. ao 12º. (Ml 3.6-12). Este é o famoso texto que muitos pastores e líderes usam para fazer terrorismo acerca do dízimo. Logo, seis (versículos) é menor que treze, o que faz Malaquias ser reduzido, indiretamente, ao posto de menor livro da Bíblia na vida da maioria dos cristãos.

Gostaria, antes de ir adiante,  de fazer uma indagação. Responda de bate pronto, sem ir ler o livro do profeta: – Qual é o tema central do livro de Malaquias? Difícil, né? Alguns ficarão em dúvida, certamente muitos arriscarão dizer “o dízimo”. Grande engano. A temática central do texto está focada em dois pilares conjugados: – Aliança e desvios dos sacerdotes e do povo. Malaquias tem uma mensagem muito rica em ensinamentos, para restringirmos o seu uso a apenas seis versículos.

O texto de Malaquias foi escrito num dos períodos mais sombrios da história de Judá, muito provavelmente no início da época de Esdras e Neemias com a nação. O povo vivia ao acaso, pois seus líderes foram levados em exílio para a Babilônia. Miséria, fome, caos compunham o dia-a-dia do povo. Num contexto como este é muito plausível a maioria das pessoas pensar que Deus os havia abandonado. E foi exatamente isso que aconteceu na época.

As palavras do livro Malaquias mostram a responsabilidade dos sacerdotes nesta relativa falta de fé do povo. Para falar a verdade, o “puxão de orelha” que Deus dá nos levitas representa mais de 30% do livro do profeta. Do capítulo 1 até meados do capítulo dois (mais precisamente Ml 1.6-2.9), o Senhor afirma de maneira direta que os sacerdotes não seguiam a Lei e não a ensinavam ao povo. Qualquer semelhança com os dias de hoje não é mera coincidência. Entretanto, como o Senhor é um Deus de amor e misericórdia, Ele faz o profeta lembrar ao povo e sua liderança que Ele é um Deus de alianças incorruptíveis. O livro de Malaquias apresenta quatro alianças para Israel:

  1. Aliança de Deus em amor (Ml 1.2-5) – O Senhor lembra ao povo o seu amor incondicional desde Jacó, mostrando a importância deles para Deus, desde quando Ele escolheu Jacó e preteriu Esaú.
  2. Aliança da Lei com o povo e com os descendentes de Levi (Ml 2.5-10) – Deus chama a atenção da nação, tanto povo como liderança religiosa, a necessidade urgente de “guardar o conhecimento” e “procurar instrução” (Ml 2.7). Em miúdos, faltava para a nação estudar, conhecer e viver a Palavra de Deus.
  3. Aliança do matrimônio (Ml 2.14) – Nada é mais fundamental nos planos de Deus do que a família. Em razão da sua situação socioeconômica, o povo começara a miscigenar-se. Isto acarretava a convivência do povo escolhido com doutrinas pagãs, trazidas pelas partes gentias do matrimônio. O Senhor relembra a aliança na pureza da raça separada de antemão (Israel).
  4. Nova Aliança – O Anjo da aliança (Ml 3.1; 3.3; 4.2 e 4.5) – Deus relembra sua promessa mais importante: O envio do Messias. Jesus cumpriu cabalmente todas as promessas desta aliança registrada em Malaquias. Ele purificou o Templo (Ml 3.1 – Jo 2.14-17) e o próprio povo (Ml 3.3 – Tt 2.14). Sua vinda trouxe julgamento para o pecado e salvação para os escolhidos (Ml 4.1 – Mt 3.10-12; Ap 20.11-15). Jesus curou o povo e na Sua gloriosa volta toda enfermidade será eliminada (Ml 4.2 – Mt 12.15; Ap 21.4), e por fim Jesus teve um precursor, um anunciador, a saber, João Batista (Ml 3.1; 4.5 – Mt 11.10-14).

As palavras deste livro proporcionam uma mensagem de esperança mediante o desespero e as angústias da vida terrena. Em Malaquias, Deus fala diretamente ao povo. O discurso está repleto de frases na primeira pessoa. Isto mostra a intenção de Deus tratar diretamente a ferida daquele em quem o Senhor deposita Seu amor.

Eu espero que o texto de Malaquias continue sendo muito usado nas igrejas e em seus cultos, porém na sua totalidade, pois assim o Reino dos Céus será verdadeiramente beneficiado. Louvamos a Deus pela sua Palavra e por sua Aliança conosco, em Cristo Jesus, que é o único, hoje, capaz de fazer o Senhor abrir para nós as portas do céu.

Deus o abençoe.

Fabio Marchiori Machado.

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