Em 2008 o mundo se deparou com uma crise econômica mundial. Esta crise aconteceu, analisando de maneira bem simplista, porque muitas pessoas nos EUA contraíram dívidas que não podiam pagar. Hoje estamos à beira de mais uma crise, desta vez porque os governos para salvarem os bancos na crise de 2008, dispuseram de muito dinheiro e se endividaram além da capacidade econômica dos seus países.
Costumo dizer em minhas palestras que dívida nunca é uma coisa boa. Existem aqueles que dizem que “se você não fizer dívida, nunca consegue nada” ou “dívida se administra”. A verdade é que não é bem assim que as coisas acontecem. O excesso de dívida (e nem precisa ser das impagáveis) é um das maiores molas propulsoras para a destruição de vidas e, por consequências, de famílias. Já dizia o ditado que “quando a fome entra pela porta, o amor pula pela janela”.
Ao contrário do que muitos pensam, nós cristãos, não estamos imunes a isso. Eu creio que duas armas modernas que o inimigo das nossas almas usa é a falta de tempo e a instabilidade financeira. Infelizmente, são muitos os cristãos que tem seu nome no SPC, SERASA e outras listas de inadimplentes.
A questão é que estamos deixando nos moldar pela fúria consumista do mundo. Sempre queremos mais, e sempre num patamar acima do que podemos pagar. Sendo este o caso, a solução é endividar-se para suprir os desejos de consumo. O triste desta situação é que alcançamos uma quantidade de dívidas que não podemos honrá-las quando estamos despreparados espiritualmente para lidar com dinheiro. É sério, a Bíblia é rica em afirmar isso.
Existem alguns princípios bíblicos neste sentido. Discutiremos 3 deles:
1. A Escravidão da Dívida:
” … o que toma emprestado é servo do que empresta.” (Provérbios 22:7)
Quando você contrai uma dívida com alguém, alguma loja ou banco, você acaba criando um vínculo de satisfação a prestar. O seu carro não será seu até você pagar a última prestação. Não sei se você já vivenciou, ou viu alguém vivenciar a experiência de ser cobrado por credores. É uma tortura enorme! Não creio que isso seja saudável e, muito menos, algo que Deus queira para a nossa vida.
2. O Perigo de Tornar-se Ímpio:
No Salmo 37, Davi faz uma divisão das pessoas do mundo em dois grupos: Os ímpios e os justos. Os ímpios são aqueles que são vistos como maus, de má índole. Veja o que diz parte do versículo 21:
” O ímpio pede emprestado e não paga; …” (Salmos 37:21)
Por favor, não se escandalize com que eu vou dizer, mas quem faz uma dívida e não paga está roubando! Não consigo pensar ao contrário, porque se você não paga uma dívida, está simplesmente tomando posse de algo que não é seu. Eu não conheço outro nome para isso!
3. O Problema do Testemunho
Antes da minha conversão, durante muito tempo, tive muita raiva de crente. Tudo isso por causa de um pastor. Comecei minha vida profissional com professor de violão. Meu primeiro aluno foi um pastor que durante 3 meses trazia músicas da igreja para que pudesse ensiná-lo a tocar. Durante este tempo sempre me enrolava quanto ao pagamento. A verdade é que depois de passado os 3 meses, ele aprendeu todas as músicas que precisava para tocar na igreja e desapareceu, sem nunca ter pago um centavo. Veja o impacto que este pastor causou na minha vida e da minha família.
Nós devemos ser cautelosos quanto a assumir uma prestação. Mesmo que ela seja pequenininha, veja se ela irá caber no seu bolso. E se fizer a dívida, esteja pronto para pagá-la, não importando o esforço que for necessário. No entanto, o ideal é juntar o dinheiro antes e comprar depois, pois assim você não corre no risco de se enquadrar em uma das três, ou em todas, situações descritas acima.
No meu próximo artigo falarei dos 3 perigos espirituais de endividar-se.
Deus o abençoe.
Fabio Marchiori Machado
P.s.: Saiba mais sobre o curso “Encontrando Liberdade Financeira”, um workshop que ministramos gratuitamente onde é tratado a questão de finanças pessoais à luz da Bíblia. Clique aqui.
13 pensamentos em “O Cristão e as Dívidas”
Olá Fabio.
Sem dúvida este é um assunto de suma importância. Muitos crentes não estão verdadeiramente livres por Jesus nesta área e necessitam de encontrar esta liberdade.
Estou pensando falar sobre este tema à Igreja, portanto qualquer material que postar será bem vindo.
Muito obrigado.
Olá Duarte,
Fico feliz em vê-lo novamente aqui no BereiaBlog. Este texto é baseado num curso chamado Encontrando Liberdade Financeira da Willow Creek. Lá vc tem tudo o que pode imaginar em relação a finanças pessoais a luz da Bíblia.
Deus o abençoe.
Fabio Marchiori.
Caro Fábio,
Perdoe-me a sinceridade, mas acho o teu juízo muito duro ao utilizar um texto do Velho Testamento, escrito num contexto completamente diferente do atual, para chamar irmãos que eventualmente caíram nas redes da dívida de ladrões. Só pra citar um exemplo, Levítico 25, entre outras obrigações econômico-financeiras, estabelece o ano do jubileu (do perdão) e proíbe a usura (cobrança de juros – vv. 36-37). Obviamente – como acreditamos e defendemos que a Bíblia jamais se contradiz -, o Salmo 37:21 NÃO está falando de empréstimos ou dívidas assoladas pelos juros sobre juros cobrados pelas instituições financeiras brasileiras. Logo, o juízo que você faz, com todo o respeito à sua pessoa, não tem lugar para misericórdia ou jubileu. Nem vou entrar no mérito de que aquele contexto do Salmo 37 era teocrático, e não havia leis que protegiam devedores ou consumidores, até porque não havia um sistema financeiro nos moldes atuais.
Sou advogado (o que não me faz melhor do que ninguém), crente, honesto, e também já trabalhei em bancos, inclusive no departamento jurídico. Sei muito bem como a prática funciona. Como você próprio deve saber, emprestar a juros no Brasil é um ótimo negócio. O índice de inadimplência já está mais que coberto pelos juros extorsivos que cobram. Como você também sabe, bancários têm metas a bater (ou cumprir), e para tanto eles não medem esforços nem têm escrúpulos. Empurram o empréstimo goela abaixo do devedor mesmo que ele – de pés juntos – jure que não tem condições de pagar. Isso não importa para os bancos, eles precisam fazer a máquina girar e continuar ganhando seus juros extorsivos que, cá entre nós, não têm nada de bíblicos.
Claro que concordo com a sua argumentação em muita parte, acho que o crente tem que fazer de tudo para não se endividar, para não ter seu nome no SERASA, etc., mas não entendo essa falta de compaixão e misericórdia, principalmente num país com práticas abusivas tão gritantes como no Brasil. O próprio SERASA, por exemplo, faz de conta que não tem culpa nenhuma, mas aceita inscrições negativas (equivocadas ou indevidas) de pessoas humildes em seu cadastro, sem que elas nem saibam como se defender. E, em vez da igreja apoiá-las, dando-lhe todo o suporte espiritual, material e de aconselhamento para enfrentar o problema, termina por acrescentar-lhe mais uma acusação infundada.
Peço-lhe novamente que me desculpe se exagerei na minha argumentação ou o ofendi de qualquer forma, mas eu realmente estou farto de tanto legalismo obtuso e de tanta falta de misericórdia no meio cristão.
Olá Hélio,
Muito obrigado por seu comentário. Pelo que eu entendi, vc só discordou do item 2 do texto. Tenho plena ciência de que fui duro em minhas palavras, mas fiz intencionalmente, e explico o por que. Faço parte de um ministério chamado “Encontrando Liberdade Financeira”, e tenho trabalhado muito junto a igrejas cristãs no auxilio de irmãos se encontram em dificuldades. Já vi muitos que tiveram suas famílias destruídas por problemas relacionado a dinheiro, principalmente, em relação a dividas. Não sei suas experiências em relação a isso, mas eu sou um daqueles que estendem a mão, e não coloco mais peso.
No entanto, minha ferramenta é a Bíblia, e ela própria se aut. intitula como espada de dois gumes, e um espada não penetra fazendo carinho. Muitas vezes, querendo nós ou não, a Palavra é duro e produz frutos através da confrontação. Foi semente isso que eu fiz no item 2.
Em relação a exegese que vc fez do texto, sinto, mas não concordo. O Sl 37 não fala em juros, e nem eu falei em juros no texto. Ele fala das atitudes do ímpio, e uma delas é tomar emprestado e não pagar. Eu olho para o texto como teólogo, e vc como advogado/bancário. Creio que aí estão nossas diferenças.
Não quero tomar mais o seu tempo.
Deus o abençoe.
Fabio Marchiori.
Oi, Fábio!
Obrigado pela sua resposta!
Vou insistir um pouco mais, com a intenção de aprofundar a discussão e aprender com isso. No que exatamente você não concorda com minha exegese do Salmo 37? O que você entende por “empréstimo” naquele contexto? Já que você diz que não inclui os juros na sua exegese, quem toma dinheiro emprestado ali deve retornar ao credor o quê exatamente? Apenas o principal que tomou emprestado? Pergunto isso porque nós dois sabemos que os empréstimos hoje são carregados de juros, que no caso dos tempos da hiperinflação brasileira, excediam em muito o valor do próprio capital principal. Ainda assim, no caso do famigerado cheque especial, os bancos trabalham hoje com taxas de juros superiores a 100% ao ano. A história nos diz, também, que os judeus tinham várias artimanhas para burlar a lei sem burlar a letra da lei, uma versão antiga do “jeitinho brasileiro”. Uma das interpretações possíveis da parábola do administrador infiel diz respeito a este “jeitinho judaico”, que trato com mais profundidade no meu blog:
http://ocontornodasombra.blogspot.com/2008/04/o-evangelho-de-lucas-parte-23.html
Além disso, me parece que o salmista condena o ímpio que – deliberadamente – toma dinheiro emprestado com INTENÇÃO de não pagar. Isto me parece interessante porque a intenção só passa a ter valor jurídico no mundo do Direito com o advento do cristianismo, e confesso que nunca tinha reparado que o Velho Testamento já previa este reflexo. No seu comentário ao versículo, John Gill fala não só da intenção malévola de não pagar, mas também da incapacidade que o devedor sabe que tem e terá de pagar no momento em que ajusta o empréstimo. Albert Barnes concorda com esse entendimento e acrescenta que o ímpio usa desse expediente caloteiro reiteradamente, ou seja, é um devedor contumaz. Barnes também contrasta este versículo com Deuteronômio 15:6; 28:12 e 44, no sentido de que o justo não deveria nunca tomar empréstimo, mas somente emprestar.
Enfim, só este versículo do Salmo 37 dá muito pano pra manga, por isso gostaria de te incomodar um pouco mais pra saber a sua posição.
Abraço!
Olá Hélio.
Antes de mais nada, parabéns pelo seu blog. Ele é muito bom mesmo. Já coloquei na lista de blogs que indicamos no BereiaBlog.
Quero que saiba que nenhuma discussão sadia de idéias é um incomodo.
Como já disse no meu comentário anterior, tenho uma visão bem simples e direta do Salmo 37. Existem dois caminhos, o do justo e o do ímpio. Existem coisas que o justo pratica e coisas que o ímpio pratica. Eu creio que se eu partir para analisar a questão de juros, se a pessoa tinha a intenção ou não de pagar, e coisas tais, estarei indo para uma esfera além do que a Escritura diz. O versículo diz “o ímpio tome emprestado e não paga”, ou seja a atitude de tomar emprestado e não pagar é a de um ímpio não a de um justo. Só isso.
Sabe, Hélio falo isso pq hoje existe muito “crente”que se colocar acima do bem e do mal. Vc mesmo, que já trabalhou no sistema financeiro, deve saber que algumas instituições de varejo não concedem empréstimos para pastores, por serem estes classificados como grupo de risco. Trabalho no comércio, e conheço muito “crente” que deve na praça e ainda acha que está certo ou que é injustiçado. Já cheguei a ouvir que a pessoa era servo do Altíssimo e que nenhum credor ÍMPIO poderia fazer nada contra ele!! A minha intenção ao usar este texto não é ficar acusando ninguém de roubo, longe disso, mas sim usar um argumento forte (e agressivo, concordo) para que as pessoas saibam o que Deus pensa de quem não se importa se está devendo, sendo cristão e tendo um testemunho a zelar. E eu, pelo menos até hoje, tenho uma posição radical quanto a fazer dívida. Não presta, por que o risco de você cair em erro é muito grande. Eu não comprometo mais do que 15% da minha renda com dívidas.
Desculpe ser direto e sucinto, mas o meu tempo hj está escasso.
Deus o abençoe.
Fábio Marchiori.
Oi, Fabio!
Obrigado novamente pela sua resposta e pelo elogio ao meu blog. O seu blog é excelente e o sigo já há algum tempo, o que me deu motivo e prazer em vir aqui debater com você, pois sabia que a discussão seria em alto nível.
Entendo o seu ponto de vista, embora discorde em alguns pontos que não são essenciais em relação ao ponto de vista que você defende. De fato, o que tem de crente que se endivida com base em mantras e profetadas gospel é impressionante. Hoje poucos comerciantes caem nessa, mas há cerca de 20 anos vi um “pastor” comprando um carro e – pior – o dono da concessionária vendendo, com base na profetada de que Deus ia “honrá-lo com o melhor dessa terra” e providenciar os meios de pagamento. O resultado, como você já deve ter imaginado, é que Deus não tinha nada a ver com o negócio e o carro teve que ser desenvolvido com todos os dissabores relacionados ao calote, e tanto o “pastor” como o comerciante fizeram papel de tolo.
Pessoalmente, já tive problemas nesta área (sem “profetadas”, graças a Deus), mas aprendi a lição e hoje, graças ao bom Deus, nem penso em cair em dívidas. Nem cartão de crédito eu tenho porque sei que é uma tentação poderosa que eu posso evitar simplesmente dizendo “não”. No meu caso, procuro ter reservas para as emergências inevitáveis da vida e quando preciso de alguma coisa específica, junto dinheiro para comprar à vista (que é sempre mais barato). Comprar à prestação só se não houver outra maneira e não for nada vantajoso comprar à vista.
Foi um grande prazer participar deste pequeno debate.
Abraço e fica na graça e na paz do nosso Deus!
Olá Hélio, eu que agradeço pela nossa conversa. É raro hj na internet pessoas que conseguimos debater idéias, sem revanchismos pessoais e ainda de alto nível teológico e intelectual. Quero que saiba que além de meu irmão, já o considero meu amigo.
Na semana que vem vou escreve sobre os perigos espirituais de endividar-se. Se conseguir mando para vc dar uma olhada antes e opinar.
Em Cristo,
Fábio Marchiori
Fique à vontade, amigo e irmão Fábio, estou à sua disposição!
A propósito, agora à tarde um blog americano que eu sigo comentou sobre um livro que pode te interessar (“Jesus & Money”):
http://thechurchofjesuschrist.us/2011/09/chapter-4-jesus-and-money-a-guide-for-times-of-financial-crisis/?
Abraço!
Olá A PAZ NO SENHOR , quero parabenizar vc fabio pelo pensamento simples e positivo que vc coloca a reflexao e entende com simplicidade. E qualquer pessoa com a mente limpa e voltada para os principios cristaos basicos entenderá vc e aonde quer chegar.Realmente divida esta relacionada com poder de compra e quem esta individado e faz negociaçoes com instituiçoes para parcelamento de dividas tem que ter muito cuidado com as facilidades impostas pelos marqueteiros de grandes emprezas, o dificíl vai ser vc colocar isso na cabeça de muitas pessoa que em vez de estudarem a biblia com amor, com simplicidade , com espirito de entendimento, estao se aprofundando em assuntos e usando de ilusionismo para cunfundir os cristaos principalmente com os teologos espalhando uma doutrina de prosperidade sem ser acompanhada por uma doutrina de cuidados basicos financeiros é por este motivo que muitos cristaos sem estar julgando nimguem estao comprando e nao pagando, querendo ter o que a condiçao nao se adequa . Há desculpe -me os teologos eu nao tenho nada contra vcs só aprendi a entender os misterios de DEUS lendo um livro que me apresentaram e é chamado PALAVRA DE DEUS que é a BIBLIA SAGRADA.
Olá amigo Revel,
Muito obrigado por mais esta colaboração no BereiaBlog. Gosto dos seus comentário porque são diretos, sem rodeios. Concordo em parte com sua opinião sobre os teólogos, mas creio tb que nem todos são maus. Tenho sido abençoado por grandes homens de Deus que tem grande temor pela Palavra de Deus.
Gostei da dica do outro comentário. Deu-me uma idéia. Obrigado por participar tão ativamente.
Deus o abençoe.
Fabio Marchiori.
FABIO gostaria ate de sugerir a vc um tema muito importante para nos cristaos. Sabemos que estamos num mundo financeiro que é controlado por um sistema oculto ou seja … NUNCA É BOM FALAR DE MAIS, SE VC FALAR ESTARÁ FORA…É o seguinte tema ….PROFISSIOES QUE COLOCAM O PLANO DE SALVAÇAO EM RISCO PARA OS CRISTAOS..como por exemplo ocupar um cargo politico os outros fica a cargo de vc
é que esqueci de colocar alguns perdoe-me