Depois de apóstolo, o lance agora é ser Patriarca!!

O Portal Creio noticiou:

“O apóstolo René Terra Nova, do Ministério Internacional da Restauração (MIR), no dia 19 de junho foi reconhecido publicamente diante de sua igreja, em Manaus, como patriarca. O titulo, segundo nota postada em seu blog, reconhece o papel de patriarca o qual o apóstolo Renê tem exercido no Brasil e nas nações por onde tem passado. O titulo é semelhante ao de Abraão… a entrada dos estandartes que representam as 12 tribos (de Israel), das bandeiras dos 27 Estados brasileiros…(o ato culminou) no ato profético do manto sacerdotal, em cor púrpura, sobre a vida do casal de apóstolos…”

A criatividade do ser humano é algo que me assombra. Nesta luta para diferenciar-se da igreja “concorrente”, líderes evangélicos tem continuamente perdido a mão, para não dizer a vergonha.

Graças a Deus nós temos a Bíblia, e ao contrário destes outros, nós a estudamos diligentemente. Você pode perceber na notícia acima que sublinhei os pontos que considerei principais. A primeira questão que nos atemoriza é o título de patriarca dado ao referido apóstolo. Biblicamente, o título é reconhecido para os fundadores da raça, da nação e do reino hebraico, ou seja, Abraão (Hb 7.4), os doze filhos de Jacó (At 7.8-9)  e Davi (At 2.29) respectivamente. Não existe mais nenhuma referência de reconhecimento em todo o texto bíblico.

Os críticos favoráveis da tal nomeação até podem dizer que a intenção do suposto novo patriarca é mostra-se como um líder do povo da sua igreja local. Permitam-me discordar. Historicamente e culturalmente, o título “patriarca” está intrinsecamente relacionado à raça e é transmitido de maneira hereditária ao primogênito do próprio patriarca. Não existe a menor possibilidade de alguém, hoje em dia, se autodenominar ou ser reconhecido como patriarca. É algo antibíblico e antinatural. Na Palavra de Deus o regime patriarcal durou até a instauração da teocracia no Sinai, e não mais.

Infelizmente, os devaneios não param no fato de o referido homem ser um patriarca. Quando da cerimônia de “investidura patriarcal”, há no recinto bandeiras (estandartes) representando as 12 tribos de Israel e os 27 estados da nação brasileira. Tenho a impressão que alguém quer se colocar acima de algo a que não tem direito algum. Quanta pretensão!  Já vimos acima que Israel tem seus patriarcas, e nós pobres brasileiros, como raça, não temos como determinar precisamente um patriarcado. Como nação, arriscamos  dizer que nosso patriarcado está relacionado ao reino de Portugal, mas isso é algo muito remoto.

Por fim, como todo bolo feito com esmero tem sua cereja, esta história não ficaria sem a sua – o manto sacerdotal. Certamente o Sr. René é o único homem, na face da terra, que é um Patriarca-Sacerdote. Repare que, se o seu título de patriarca é semelhante ao de Abraão, há uma incompatibilidade de funções  já que Abraão reconheceu Melquisedeque como sacerdote (Gn 14.18-20). Na cultura patriarcal o homem era sacerdote de sua família, mas somente no contexto de responsável espiritual. O manto na Bíblia representa uma investidura de autoridade para atos cerimoniais (Êx 28.6-14; 39.2-7).

Algo que aprendi nesta vida é olhar sempre por “debaixo da linha do horizonte”. Sempre há algo por debaixo do tapete. Neste caso, acredito que, além de uma diferenciação em relação a outros líderes espirituais do país, existe uma sede de poder e autoridade. É conhecido que um patriarca tem direito a uma autoridade ilimitada e inquestionável dentro do seu arraial.

Infelizmente, nós vivenciamos dias que nem de longe conseguimos nos equiparar aqueles vividos pelos pais da Igreja Cristã. Uma vida de abnegação, entrega total, privação e dedicação a causa do Evangelho. A pergunta que fica é: – Aonde vamos parar? Ser discípulo não foi suficiente, quiseram ser pastor, que também não  bastou , pois diferenciaram pastores (e padres) de bispos. Depois de um tempo quiseram mais, e tornaram-se apóstolos. Agora o apostolado não é o suficiente, e então surge o patriarca. Se a moda pegar, chegará o dia que ser patriarca não contentará, e aí só restará ao homem se autodenominar DEUS!! Minha última palavra para este caso: MARANATA (Vem, Senhor Jesus!).

Deus tenha misericórdia de nós. Amém.

Fabio Marchiori Machado.

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