O final do capítulo 10 de Marcos apresenta dois acontecimentos distintos. No primeiro, Tiago e João vem até Jesus para perguntar sobre os dois “postos” mais cobiçados em um reino, ou seja, os assentos ao lodo direto e esquerdo no trono do rei, neste caso Jesus (Mc 10.35-45). No segundo surge o cego Bartimeu, que importunamente clama por misericórdia a Jesus, sem ligar para todos que tentam calá-lo, e é curado de sua cegueira (Mc 10.46-52).
As duas histórias são esclarecedoras, mutuamente. Em ambas as histórias:
- Jesus é confrontado com um pedido (v.35 e 48-50)
- Jesus, inicialmente, responde com uma pergunta: – Que quereis que eu te/vos faça(s)? (v.36 e 51)
- As partes fazem o pedido sabendo quem Jesus de fato é. São levados a colocar diante Dele o desejo sincero dos seus corações.
A quarta semelhança é mais sutil. Em ambas as histórias existem personagens que sofrem de algum tipo de cegueira. Em relação a isso, podemos ver a diferença mais profunda entre as duas histórias. Enquanto os filhos de Zebedeu pedem para si honra e glória, Bartimeu pede misericórdia. Tiago e João pensam ter o direito de merecer honra e glória, e recebem um “não” de Jesus. Bartimeu sabia que não merecia nada e recebe um “sim” de Jesus. Tiago e João apresentam-se com um senso de direito adquirido. Já Bartimeu, cujo nome significa “filho da imundície/sujeira” apresenta-se com o senso de não ser digno de receber nada.
Tiago e João enxergam fisicamente, porém não podemos dizer o mesmo espiritualmente. Bartimeu não enxerga fisicamente, mas vê através dos olhos espirituais. Todos os três homens são cegos, mas apenas Bartimeu sabe disso.
A estranha maneira para seres humanos cegos, como você e eu, receber “visão” é pedindo por misericórdia. Só é necessário admitirmos nossa cegueira. O que os impede de alcançar a misericórdia não é a cegueira em si, mas a nossa negação obstinada da cegueira (Jo9.39-41). Charles Spurgeon pregava “…se você acha que tem alguma coisa sua, algo que você acha ser bom, você deve deixar para trás para seguir Jesus”. Tudo que nós trazemos a Ele são as nossas falhas e a nossa cegueira.
Mas como a solução para a cegueira espiritual pode ser tão simples? A solução é simples por uma razão – Jesus.
Jesus Cristo foi, no sentido mais profundo, o único ser humano que passou por este mundo que sempre enxergou. Ele nunca teve sua visão obscurecida pelo pecado. E ainda, chegou ao fim da sua vida e recebeu o que não merecia, mas que Ele desejava (morte na cruz). Como Ele ensinou a seus discípulos com a história de Tiago e João “… quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos. Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos. “ (Mc 10:44-45). Na cruz, Jesus permitiu que Ele mesmo se tornasse cego para que você e eu, cegos pecadores, pudéssemos enxergar espiritualmente. Ele veio abrir os olhos dos que estavam cegos (Is 42.7), não por discurso, mas fazendo Ele mesmo, dando Sua vida para isso.
Jesus perguntou para os filhos de Zebedeu, e para o cego Bartimeu “Que quereis que eu te/vos faça(s)?”
Crucialmente, Jesus responde esta pergunta pela terceira vez, não a um mortal, mas ao Seu próprio Pai (Veja a resposta em Mt 26.39).
Tiago e João pedem glória. Bartimeu pede misericórdia. Deus pede que Jesus cumpra sua missão, assegurando glória e misericórdia a todos que confessam “sua cegueira”, unindo-se a Cristo.
Deus o abençoe.
Texto de Dane Ortlund
Fonte : The Gospel Coalition
Tradução: Fabio Marchiori Machado
2 pensamentos em “Os três homens cegos”
fantastico esses textos cada vez leio e medito cresço espiritualmente.Esse site é abençoado por Deus,que Deus continue iluminando e o refrigerio de Jesus acampem sobre esses homens de Deus responsaveis por esse site.
Olá Carlos,
Fico muito feliz em saber que o nosso trabalho contribui um pouquinho para a vida das pessoas e para a edificação do Reino. Muito obrigado pelas suas palavras.
Que Deus o abençoe.